quinta-feira, 17 de abril de 2008

Adoniram Judson

Adoniram Judson (9 de Agosto de 1788 --- 12 de Abril de 1850)

Foi um missionário americano, que atuou na Birmânia, atual Myanmar, por quase 40 anos, onde ficou evangelizando os nativos. Também ajudou na organização da língua birmanesa.

A nação predominantemente budista da Birmânia, rebatizada de Mianmar, tem uma história sangrenta de missionários que entregaram as próprias vidas para compartilhar a mensagem de salvação de Jesus Cristo. Cristãos armênios chegaram à Birmânia pela primeira vez em 1612. Em 1685, foi a vez de dois missionários católicos franceses, que fundaram um pequeno hospital, apenas para serem martirizados quatro anos mais tarde. As missões protestantes começaram em 1813, quando os batistas Adoniram e Ann Judson chegaram.

Sua Vida

Adoniram Judson nasceu em Malden, no estado americano de Massachussetts. Filho do pastor congregacional Adoniram Judson e de Abigail Brown Judson, o jovem Adoniram trabalhou duro em um moinho do pai. Tinha de caminhar muito até chegar à escola e tinha intensa devoção à Igreja.

Sua mãe ensinou-lhe a ler um capítulo inteiro da Bíblia quando tinha apenas quatro anos. Nos anos seguintes, freqüentou a New London Academy e depois a Brown University, onde entrou com apenas 16 anos. Naquele período em que o ateísmo, proveniente da França, chegava com força aos Estados Unidos, o jovem Adoniram teve uma crise existencial. Recém diplomado, aos 19 anos, ele surpreendeu os pais quando disse que não mais acreditava na existência de Deus e que iria escrever peças de teatro. Era o ano de 1807.
Saiu de casa, mas, quando seguia para a casa de um tio, teve uma experiência que mudou sua vida por completo. No fim de uma noite, procurou um lugar para dormir em uma pensão. O proprietário disse que só tinha um quarto que ficava ao lado de outro em que estava uma pessoa muito doente. A voz agonizante de um homem no quarto ao lado só o deixou dormir no fim da madrugada. Ao acordar, Adoniram soube que aquele homem havia morrido, e tomou um susto ao saber que se tratava de Jacob Eames, um cético e descrente que ele conhecera na faculdade; e que também abandonara o Evangelho pelos ideais ateístas.
A notícia da morte de Eames atingiu seu coração como uma flecha. Foi, então, para Plymouth, onde assistiu a dezenas de palestras de pregadores cristãos. Em 1808, decidiu estudar para o ministério e entrou no seminário teológico de Andover. No ano seguinte, fez uma profissão pública de fé na igreja do pai e sentiu o desejo de tornar-se missionário.

Na época, escrevia a Ann, então sua noiva: Em tudo que faço, pergunto a mim mesmo: Isto agradará ao Senhor? [...] Hoje, tenho sentido grande alegria perante o Seu trono.

Os pais de Judson queriam que ele aceitasse pregar em uma igreja de Boston, mas recusou o convite. Tinha o mundo em seu coração. Em fevereiro de 1810, fundou, com quatro amigos pastores, a Junta Americana de Missões Estrangeiras, ligada à Associação Geral de Ministros Congregacionais de Bradford, em Massachussetts.

Casou-se com Ann em 5 de fevereiro de 1812, e apenas 12 dias depois, o casal partiu para Calcutá, na Índia, junto com os quatro pastores amigos de Judson. Ann tornou-se, então, a primeira missionária a deixar os EUA. Durante a viagem, dedicaram-se ao estudo das Escrituras. No entanto, ao chegarem a seu destino, a guerra fez com que eles deixassem o país. Como havia uma embarcação pronta para ir a Rangum, na Birmânia, o casal decidiu viajar nela. O percurso não foi fácil. Ann, que estava grávida, adoeceu no navio. Deu à luz seu primeiro filho, que morreu em seguida. Eles chegaram a Rangum exaustos, em julho de 1813. Ann, muito adoentada, desembarcou em uma padiola. Aquela experiência era uma prévia do que o casal ainda haveria de enfrentar.

Ida para Birmânia

Obrigado pela British East Índia Company a deixar a Índia, os Judson rapidamente se estabeleceram na Birmânia, apesar de terem sido aconselhados por William Carey dito alguns meses antes a não ir para lá. Todos os missionários anteriores acabaram mortos ou desistiram e foram embora. Mas os Judsons estavam determinados, e com as habilidades lingüísticas de Adoniram, se propuseram a traduzir a Bíblia para o idioma birmanês.

Em 1819 - seis anos depois de sua chegada à Birmânia -, Judson conseguiu seu primeiro convertido. Dois anos depois, já havia uma igreja fundada no país, com 18 batizados. Em 1837, havia 1144 convertidos batizados na Birmânia. Em 1880, esse número passou a sete mil, distribuídos por 63 igrejas. Em 1950, cem anos depois de sua morte, existiam mais de 200 mil cristãos na Birmânia, em sua maioria, resultantes da mensagem que Judson deixara naquele país. Dizia ele: "Muitos cristãos consagrados jamais atingirão os campos missionários com seus próprios pés, mas poderão alcançá-los com os seus joelhos."

Os Judsons tinham mesmo que contar com a própria determinação, pois seu tempo na Birmânia não transcorreria sem sacrifícios. Eles não somente tiveram de lutar contra o calor de 40° C, doenças e as misérias desconhecidas que tirariam a vida da primeira e da segunda esposa de Adoniram e de sete de seus treze filhos, mas o próprio Adoniram não voltaria mais a ver seus pais e o seu irmão. Além disso, só depois de seis anos de sua chegada à Birmânia eles conseguiram batizar seu primeiro convertido, Maung Nau.

A Prisão

Em 1823, Adoniram e Ann se mudaram de Rangun para a capital Ava, cerca de 500 quilômetros mais para o interior. Era um risco estar próximo do repressivo imperador.
Era o ano de 1824. a frota britânica chegou a Rangun e bombardeou o porto. Os oficiais do rei da Birmânia tinham acabado de saquear o lar missionário de Adoniram e Ann Judson. levando tudo o que acharam de "valioso". No entanto, o tesouro mais precioso havia passado despercebido: o manuscrito de uma porção da Bíblia, traduzida por Adoniram Judson, que sua esposa Ann enterrara sob a casa.
Acusado de espionagem, Adoniram, um missionário magro e de corpo pequeno, ficou encarcerado por quase dois anos em uma prisão infestada por mosquitos. Ele e outros 60 condenados à morte ficaram encerrados em um edifício sem janelas, escuro, abafado e imundo. Durante a noite, uma longa vara de bambu era passada pelas pernas amarradas dos presos e erguida até que somente seus ombros e a cabeça estivessem em contato com o chão. Durante aquele período, sua esposa conseguiu entregar-lhe um travesseiro - para que ele pudesse dormir melhor no duro chão de areia da prisão -, além de livros, papéis e anotações que ele usava para continuar a tradução da Bíblia para O birmanês. Dentro da cadeia, além das traduções, que ele escondia dentro de seu travesseiro, Adoniram evangelizava os presos.
Durante o tempo em que esteve preso, um dos carcereiros perguntou a Adoniram, “Quão brilhantes são as perspectivas de sua missão agora, animal estrangeiro?”, ao que ele respondeu, “tão brilhantes quanto as promessas de Deus, meu amigo”.

Ann estava grávida, mas ainda assim andava quilômetros todos os dias até o palácio para argumentar que Judson não era espião e pedir a clemência do imperador. Até que um dia, ela conseguiu que a situação dele fosse aliviada. Mas os prisioneiros estavam com a cabeça infestada de insetos misturados com comida podre e tiveram que raspar o cabelo a zero. Quase um ano depois, Adoniram e os outros presos foram transferidos para a prisão de uma aldeia mais distante. Ele estava magro, com os olhos fundos, vestido de farrapos e enfraquecido pela tortura.

Sua filha, Maria, havia nascido, e Ann estava quase tão magra e doente quanto Adoniram; mas ela ainda o seguia e cuidava dele o melhor que podia. Seu leite secou e o carcereiro teve pena deles e deixou que Adoniram fosse toda manhã à aldeia e pedisse que alguma mulher amamentasse a pequena Maria.

Saída da Prisão e a morte de Ann e sua filha Maria

Em 4 de novembro de 1825, Judson foi posto em liberdade. O governo precisava dele como tradutor nas negociações com a Inglaterra. Ann estava muito doente e, onze meses mais tarde, morreu de uma combinação de várias doenças tropicais. Seis meses depois, Maria também morreu.

Em 1831, aconteceu na Birmânia um grande despertar de interesse espiritual. Judson escreveu, “há um espírito de busca... se espalhando por todos os lugares, em todo o comprimento e largura desta terra”. Ele notou que haviam distribuído cerca de 10.000 panfletos, que foram entregues somente a quem havia pedido. Alguns que vieram das fronteiras com o Sião e a China disseram: “Senhor, nós ouvimos dizer que existe um inferno eterno. Estamos com medo. Dê-nos os escritos que ensinam como escapar”. Outros perguntavam: “Senhor, nós vimos uns escritos que falam sobre um Deus eterno. É você o homem que dá esses escritos? Se é o senhor, por favor, dê-nos um, pois queremos saber a verdade antes de morrer”.

Sua Morte

Adoniram mudou-se, então, para o interior da Birmânia, onde completaria a tradução do Antigo Testamento para o birmanês, em 1834, no mesmo ano em que se casou pela segunda vez, com Sarah (viúva de um de seus colegas que havia dado a vida no trabalho na Birmânia), com quem teve oito filhos. Em 1837, Adoniram concluiu a tradução do Novo Testamento.

Em 1845, Sarah faleceu, e ele retornou aos Estados Unidos, 33 anos depois do início de sua viagem à Ásia. Tanto interesse gerado por sua experiência na Birmânia rendeu a Judson uma platéia i inesperada. Grandes multidões corriam para ouvi-lo pregar em solo americano, pois se tornara uma lenda.

Em junho de 1846, casou-se pela terceira vez, com a escritora Emily Chubbock, e voltou no ano seguinte para a Birmânia para revisar mais uma vez o dicionário hirmanês-inglês que concluíra em 1826.

Muito doente, Judson foi aconselhado a fazer uma viagem marítima para se recuperar, mas veio a falecer no navio, em 12 de abril de 1850. Emily morreu quatro anos depois. Mas a frase que ele mais repetia em suas pregações tornou-se uma realidade: Eu não deixarei a Birmânia até a mensagem da cruz ser plantada aqui para sempre. Palavras proféticas de um verdadeiro herói da fé.

Quando Adoniram morreu, devido a doenças crônicas, havia 7.000 cristãos e 163 missionários na Birmânia. Até ano de 1900, a comunidade batista havia crescido para quase 100.000, formada basicamente pelos nativos da tribo karen.

Louve a Deus pelas sementes plantadas pela vida de Adoniram na nação de Mianmar. Essas sementes continuam frutificando até hoje.

Fonte: http://www.vozmartir.org/view_artigo.asp?vTipo=6&vId=7&vArt=47
http://www.renovado.kit.net/adoniram.htm

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